O Cora Coletivo, um grupo brasileiro transdisciplinar, desenvolveu um projeto na cidade de Dongguan/China, para o concurso Urban Greenhouse Challenge II (UGC2). A proposta de uma fazenda vertical icônica em madeira abriga cultura, lazer e toda a cadeia de produção e distribuição alimentar. Além disso, a área também conta com projeto paisagístico nos espaços livres, e Sistema Agroflorestal (SAF) de produção alimentar.
Diante de questões contemporâneas, como produção de lixo desenfreada e de alimentos com grande pegada de carbono, o projeto lidera essas discussões de forma ímpar. Assim, o Coletivo insere-se no debate de produção alimentar nos grandes centros urbanos a partir de um modelo de negócio tecnológico e resiliente, em que a tradição encontra o futuro.
O terreno de 35.666,64m2 insere-se na área 4 do Marina Bay Center Agricultural Park Complex, onde faz interface, ao norte, com um tanque de piscicultura e, ao leste, com uma das principais vias de acesso ao parque.
As leituras sociais, econômicas e geográficas do território nortearam o programa do projeto, cujas principais características são inovação, circularidade e ecologia.
Para o desenvolvimento da volumetria do edifício, o Coletivo inspirou-se em um gesto de mão convidativa e semi-aberta, e na hakka architecture, um estilo arquitetônico característico da região chinesa.
A escolha do material estrutural foi predominantemente madeira -MLC e CLT-, com apenas alguns elementos em concreto e aço. Os fechamentos em vidro permitem a maior entrada de luz natural no interior do edifício, em especial na estufa, seja nas fachadas, seja na cobertura onde as lajes estão desencontradas.
Devido à segurança fitossanitária das culturas, os visitantes podem acompanhar os processos de cultivo a partir da rampa externa que contorna todo o edifício, ora pelo limite externo, ora pelo limite interno no átrio central.
A capacidade de produção da estufa equivale a uma área estimada de 2 km² em produção convencional e é suficiente para alimentar uma quantidade de 2.323 pessoas. Além disso, o cultivo interno contribui na economia d’água em até 95% quando comparado aos métodos convencionais.
A análise do solo indicou presença de metais e por isso o Coletivo propôs seu enriquecimento utilizando uma técnica ancestral pioneira no Brasil: a SAF.
Nessa área, é possível encontrar espécies arbóreas e arbustivas com produção de banana, quinoa e feijão, entre outros, que estão distribuídos em 3 grandes zonas: SAF, Educacional e Lúdica.
Soma-se a isso gestão de resíduos e tratamento de água pluvial, propostas realizadas também pelos próprios estudantes.
O desenvolvimento do projeto do Cora Coletivo possuiu diversas etapas e ocorreu de outubro de 2019 até setembro de 2020 devido às complicações da pandemia de COVID-19. Na primeira etapa eliminatória, o Coletivo, que antes tinha o nome de Team USP, disputou as 20 melhores posições com outros 53 times e chegou à final conquistando o 1º lugar no Golden Clog, e 6º lugar na Grand Finale.
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Ficha Técnica
Arquitetos Responsáveis: Ana Victoria Silva Gonçalves, Beatriz Alcantara, Guilherme Baldessin, Ingridth Sarah Hopp, Juliana da Mata Santos, Matheus Motta Vaz, Natália Jacomino
Equipe de Projeto: Camilla Grande Degaspari, Gabriel Coneglian Barbosa
Clientes: Urban Greenhouse Challenge II - Wageningen University & Research
Engenharia: Jorge Munaiar Neto, Brunno da Silva Cerozi, Felipe Vergili Sgarbossa, Pietro Vendruscolo Faleiros Macedo, Rosane L. Chicarelli Alcantara
Paisagismo: Luciana Bongiovanni M. Schenk, Cora Coletivo
Colaboradores: André Daher, Bitcoin Descomplicado, Escola Cripto, Fabio Rodrigues, Sindélio Henrique Lima
Consultores: Givaldo Luiz Medeiros, Lucia Zanin Shimbo, Tomaz Lotufo